quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Vê? Isso que bate, assim... É o coração


Tirei uma foto do meu peito para exibir meu coração batendo em meu álbum no orkut.
Já acostumado à polêmica que cerca algumas de minhas fotos, mostrei esta, do coração ritmado, a três pessoas.


A primeira que viu foi uma que me amava e tomou a foto para si como a maior declaração de amor que já houvera recebido. Sorte minha que os arquivos digitais permitem-se infinitas cópias e imprimi mais uma imagem de meu peito, coração e batimentos.


A segunda pessoa a quem mostrei foi um amigo que franziu a testa, encarou-me e deu à luz alguns silêncios de segundos para me perguntar há algum problema? e dizer saiba que pode sempre desabafar comigo.


A terceira pessoa que examinou meu peito foi alguém que sentou a meu lado no ônibus a respeito da qual meu coração e minhas batidas não guardavam sentimento. Foi preciso que eu explicasse que não se tratava de um peito, mas de um coração que batia, para que minutos depois de perceber que eu insistia numa resposta e segundos antes de trocar de lugar no ônibus, dissesse se bate, é porque está vivo.


Decidi não postar a foto, ao invés dela, carreguei no orkut uma imagem preto-e-branco de mim sorrindo. Também não investiguei a opinião de ninguém, muito menos recebi um scrap.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

BIG BANG


Tudo o que em mim reclama é uma vontade. Minha subjetividade é meu espaço e minha caneta meu tempo, que se encerra e se inicia cada vez que a tinta deixa o papel, como quando ao escrever um i, a caneta abandona o papel para desenhar o ponto da letra. Me perco no nada e o vazio me toma. O vazio é experimentar uma torta de brigadeiro sem paladar e a vontade é uma mentira, é achar que se a torta fosse de prestígio seria gostosa. Mas não é o paladar que não me tem e sim eu quem não o tenho. Fecho os olhos para não expandir o medo e me enxergo. Onde estou? Que interior é esse que fala e cala até que uma voz parida pelo pensamento aconteça prematuramente? Logo os abro para falar da materialidade das coisas, já que falar do que se vê é mais fácil. Recuso. Uma lágrima conta a um cílio que ainda existe um pingo de justiça. O momento é um ferro enferrujado de tétano que me perfura o cérebro e me faz ser, porém então num segundo já não sou, porque o ferro não é estático e alguém o enfia e o tira para experimentar um flash de felicidade através da minha dor. A dor é o que de mais humano existe e é por isso que escrevo. Quando me conto me enfeito o corpo de band-aid e disfarço as feridas. Existem muitos tipos de band-aids: estampados, lisos, coloridos... Mas quando a sinceridade aparece e revela meus pudores eles caem e não voltam a grudar, o tétano vai virando lepra e para me dizer, crio. Só a criação traz a sensação de novo, que some por ser plágio antes que eu possa inspirar o cheiro de plástico virgem. Por isso mergulho e deixo meus pulmões encharcarem d’água, aí a boca da existência me beija e me chupa, fazendo-me cuspir um peixinho transparente que lutava contra dez ouriços no meu estômago. Me transformo num cacto pelo avesso, mas o avesso que é minha essência não resiste ao sol. O tétano, a lepra e os espinhos já consumiram minha embalagem, mas o sol desidratou todos os meus segredos, talentos e idéias que guardava em meu calabouço. Encerro-me e junto comigo se encerra uma vontade, a vontade do começo, vontade de escrever e de terminar o mesmo ato.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

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quinta-feira, 1 de novembro de 2007

EU

Canto, grito, esperneio. Meu canto é meu principal sintoma de vida. Meu extremo é um agudo, as dores insistentes os graves. As pausas são meus desejos.
Canto, grito, esperneio. Meu grito é asa que soa melodias de infinito. Vôo veloz na irregularidade do segundo em que me enfrento gritando.
Canto, grito, esperneio. Esperneio para me ser essencialmente: para me encontrar cantando em minha infância. E sonho e pranto.
Canto e grito e esperneio porque a felicidade é meu direito de me permitir ser sem pudor. Meu som é crepúsculo e orvalho.
Canto e grito e esperneio para transar com a liberdade, porque quem procura canto em boca alheia não balbucia mais que onomatopéias incompreensíveis.
[Não odeio quem me inveja cantando. Meu canto me opera as mágoas. Tenho pena e pena é pior que ódio.]
Esperneio e grito e canto.